Além da Páscoa, o mês de Abril trazia, para nós, uma abertura bem lúdica e calorosa. Era época dos aniversários de dois amiguinhos da turma: Murillo e William. Como o primeiro já havia completado anos antes de nossa mudança pra cá, resolvemos produzir uma solene celebração acerca da nova idade de nosso querido e temperamental Chewbacca. Afinal de contas, quem não quer uma festinha temática?

A ideia foi toda da Marcela, namorada do William. O que ela planejava aproximava-se mais de uma (como costumo definir) baguncinha retrô com bebidinhas e games, incluindo traquinagens e bexigas coloridinhas. Nunca imaginei que usaria chapéu de papelão com elástico depois dos 25, muito menos com um copo de minha famigerada batida de coco a tiracolo. Mas, estamos aqui para isso!

Marcela combinou comigo a preparação das coisas pela tarde do mesmo sábado, secretamente. E, assim, passamos algumas horas a montar a mesa e a encher as benditas rechonchudas, espalhando o cheiro característico de aniversário de criança pelo apartamento. Fiquei surpreso ao flagrar-me com aquele medinho gay de que alguma bexiga estourasse enquanto assoprava...


Balinhas de coco, pirulitos, beijinhos e brigadeiros chaparam nossa mesa com todo aquele fru-fru típico, criando um cenário perfeito para um machão megalomaníaco como nosso amigo aniversariante. Faltou apenas a cachaça, novo doce apreciado por ele.

O plano era pegá-lo de surpresa, fazendo a turma toda proferir o gritinho aviadado assim que o trombadinha botasse os pés em casa. Entretanto, o cabra é conhecido por sua maldita pontualidade inglesa, laceando toda a graça da arte do atraso e do luxo de dar ensejo a comentários ou golpes teatrais. Resultado: o jagunço foi o primeiro a chegar em sua própria festa surpresa...

Sem mais delongas, vesti a função de host com aprumo e dei pernas ao evento.


William fez questão de trazer sua aclamada TV de plasma estapafúrdia, ato cuja iniciativa repercutiu numa interessante partida de Star Wars Battlefront II. Claro que deixei o aniversariante ganhar, não sou dado a indelicadezas sociais. Em tempo, aos poucos, os outros convidados "secretos" foram chegando, com mais disposição para brincar... e meu querido PS2 cedeu espaço para o metido a descolado Wii. E fiquei a fazer bico.

Nesse ponto, a maioria divertiu-se muito. Como a proposta do console da Nintendo é a de reunir a família toda ou amigos em torno da TV, jogando partidas puxadas para o lado esportivo, não foi difícil testemunhar a adesão dos integrantes da comemoração. Não gosto do Wii, mas o conceito do joystick sem fio que estimula a movimentação de quase 80% do corpo do jogador é uma excelente ferramenta para turbinar de alegria qualquer agrupamento tedioso de indivíduos. E isso, nenhum chato de plantão se met
e a besta de contrariar.

Todos envolveram-se, mui bem servidos por este amável e modesto anfitrião. Só faltavam algumas peripécias vãs como de praxe, costume juvenil de nossas ocasiões etílicas.

Já registrei que inflamos algumas dúzias de bexigas, sim? Pois então.

Eles estavam pedindo. Jogando concentradamente, alheios à mente serelepe de dois participantes. Só me perdoem a qualidade do vídeo...






Quem não gostou nada disso foi a Marli, por testemunhar o chão emporcalhar-se com os pedaços das rechonchudas. A Cookie, convidada canina, latiu um pouco, mas até que ficou engraçadinha olhando a contenda com hilária interrogação...

Chegada a hora da adorada cantiga de parabéns e da frescura patológica de todo homem ao torcer o nariz, ocorreu-me, de supetão, que só as pessoas desprovidas de tesão não brincam assim. Que só a singela vontade da baderna sazonal pode arcar coisa boa com o tempo, por implacável que seja. E, se me permitem a paráfrase de uma canção do Teatro Mágico: "Todo dia de manhã é nostalgia das besteiras que fizemos ontem."

Álbum completo das fotos do evento
aqui.



P.S.: como não podia deixar barato, aí está um exemplo da chatice inata em lidar com o joystick do Wii!

Vai um drinque, aí?




Já mencionei que, antes de nos mudarmos pra cá, cada um de nós passou as férias do fim de 2008/início de 2009 na casa de seus respectivos pais. Pois eu acabei sofrendo bastante no apartamento de minha mãe, em Santos: fiquei alojado num quarto de formato irregular, característica que talvez tivesse contribuído para o irritante calor. Foram muitas noites mal-dormidas, só anestesiadas pela impulsiva aquisição de um Playstation 2, no Natal. O console até que cumpriu bem sua parte - esqueci um pouco da morosidade do processo de financiamento, varando as madrugadas com jogos do naipe de Test Drive Unlimited e Star Wars Battlefront. Mas isso também é assunto para outra postagem.

Logo depois do Carnaval, a Páscoa já avizinha sua graça. E, como num desenrolar da cortina, as brisas começam a esfriar. O bairro onde moramos, final da Enseada, é destacado por casas amplas e prédios baixos, ambos só ocupados em temporadas e feriados. Além disso, muitas ruas não dispõem de asfalto, e, consequentemente, existem muitos terrenos à venda e bastante vegetação. O cenário sustenta uma temperatura fresca no verão: quente, porém, agradável. O outono até que mostrou-se como um verão tímido, pontuado por chuvas raras, com uma temperatura ótima para um excelente almoço familiar no domingo de Páscoa.

Convocamos as mães, minha primeira cunhada, minha irmã e meu cunhado para celebrar a data sagrada. Meu pai, na ocasião, estava numas de tentar negócio pros lados de Recife, mas brindei em seu lugar. Foi a Páscoa mais gulosa que tive: servi-me como um rei e, como é de meu feitio, ignorei a existência do chocolate.

Entre os papos digestivos, incluíram-se o que faltava pintar (um cantinho da parede do quarto de hóspedes que até hoje evito olhar), a instalação das persianas, a cobrança de mamãe quanto às minhas visitas e... o desfile das vacas do bairro.

A vegetação do lugar garante o comparecimento de gaviões, beija-flores, morcegos e a criação de gado e manutenção de galinheiros. Se fossem apenas as queridas e tchutchucas leiteiras, até que nosso cotidiano seria pra lá de engraçado. Mas, tente dormir com tantos galos cantando... Parece até que os malditos acertaram seus relógios de maneira louca, cada um seguindo um fuso de um ponto diferente do mundo, de modo que se ouve o cantar, às vezes, da meia-noite às cinco da manhã.

Isso sem levar em conta as baladinhas locais, as quais só parecem usar CDs arranhados de uma única música...
Coisa de província rural-praiana.

Sol


Já disse que deveria ter postado isso há tempos. Mas preciso começar de algum ponto, certo?

A espera pela conclusão do processo de financiamento de nosso lar foi um pouco tensa, posto que não queria gastar minhas férias de Dezembro/2008 a Fevereiro/2009 na casa de meus pais. Acabei tendo de esperar na casa de mamãe, durante um excelente verão. Morosidade, segundo o responsável do banco, relacionada ao recesso dos cartórios. Mas no início de Março/2009, assinei os papéis e, no fim de semana seguinte, começamos a limpeza...

Todo imóvel requer um bom trato antes que se estabeleça moradia - fato que ficou mais nítido após gastar um dia todo prestando atenção em detalhes que não eram tão visíveis quando da visita guiada pelo corretor. Parece que certos defeitos só aparecem quando já se está morando no lugar. Pequenas infiltrações, rachaduras, móveis embolorados, rejunte velho, gabinetes pedindo verniz, resquícios de pintura antiga em azulejos... sem contar pelo acabamento final: a pintura. Por sorte, uma de minhas cunhadas ofereceu-se para o ofício, fazendo valer como um presente de casamento. Sempre serei grato pelo cuidado e boa vontade da Shirley. Veja o resultado:A escolha de uma cor diferente para apenas um dos lados da sala foi ideia da Marli, um capricho que só mulher mesmo pra ter. Como bom marido, não me restou nada além de concordar, apesar de não ter achado nada mal. E os quadros (pintados por minha esposa, o que é assunto de outra postagem) até que combinaram com o lilás "magia das fadas"... E, assim, o apartamento começou a ganhar estilo.

O novo branco que tivemos de jogar no gelo antigo e encardido exigiu algumas semanas, entre a pintura e a secagem. Nesse ponto, não havia condições de dormir no lugar, tamanha a intensidade do odor da tinta. Eu e Marli parecíamos dois retirantes, vindo para cá apenas para pintar, voltando para a casa de nossos pais depois do serviço. Fora algumas doses de massa corrida numa das paredes do quarto de hóspedes, não houve nenhuma outra dificuldade.
A faxina grossa ainda estava em constante requisição.

Gostaria de ter fotografado o apartamento do jeito que estava quando chegamos. Ele era mobiliado, os dois quartos continham guarda-roupas com camas embutidas. Poderíamos ter ficado com eles, não fosse o odor de mofo e o estrago na madeira, pela umidade. Desmontá-los foi um sufoco, desfazer deles custou uma grana de carreto, mas aquelas madeiras podres se foram para alguma fogueira em terreno baldio. E ainda deixou uma sujeira da grossa. Pensando bem... gostei de não ter fotografado!E ainda ganhamos dois pequenos armários, um deles, fica nesse quarto, cuja parte superior atolei de brinquedos e livros. O outro, deixamos na área de serviço. A cama de solteiro também foi de presente.
Perceba que o toque feminino domina a casa... =/

Bem, assim que o cheiro pungente da tinta branca dissipou-se em maior parte, decidimos morar de vez: compramos a cama e o colchão de casal, em questão de dois dias, por conta dos horários meio apertados na escola. Nem preciso mencionar quem escolheu os lençóis e fronhas...

Ufa! "O processo de pintura e faxina terminaram", pensamos, já no finalzinho de Março/2009. Mal sabíamos que o item reforma, por sua vez, daria o ar de sua graça por tantas e variadas vezes nos dias conseguintes...
Deixarei o relato para outra ocasião. Por isso, não perca, no próximo capítulo: o Inverno esturricador!

Sol


Escrevo este primeiro post um pouco tarde. Pois chegamos aqui no início de Março/2009, com tanta exasperação pela espera (digna de uma novela), que até engavetei a ideia de manter um blog sobre nossa convivência. No entanto, aqui estamos.

Tentarei manter o registro de nossos belos dias com o máximo de benfazejo e tolerância ao provável leitor, com a devida fidelidade poética aos fatos: pois, dos tantos que vivemos, há muito o que plantar e colher. Sirvam-se à vontade da experiência de nós.

Fiquem à vontade. Acomodem-se ao sofá, que o café está quase pronto.
Açúcar, adoçante ou amargo?

Welcome, good people!

=] (=
*Sol e Lua*